Grupo nacionalista curdo PKK anuncia fim da luta armada na Turquia

Combatentes armados do PKK – Foto: Ceerwan Aziz/AP

O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), grupo nacionalista curdo que há quatro décadas luta contra o governo da Turquia em defesa de um Estado próprio, anunciou nesta segunda-feira, 12, o fim da luta armada.

A decisão foi tomada durante o 12º congresso do grupo, considerado uma organização terrorista por Ancara e por aliados como os Estados Unidos.

Em comunicado, o PKK declarou: “O 12º Congresso do PKK decidiu dissolver a estrutura organizacional do PKK (…) e encerrar a luta armada. O grupo afirmou ainda que “cumpriu sua missão histórica” ao levar “a questão curda a um ponto em que pode ser resolvida por meio de uma política democrática“.

Segundo o comunicado, as operações militares serão encerradas imediatamente. A entrega definitiva das armas, no entanto, dependerá “da resposta e da postura” do governo turco em relação aos direitos dos curdos e ao futuro dos membros da organização.

A mudança de rumo ocorre meses após um apelo do líder do PKK, Abdullah Ocalan — preso em uma ilha ao sul de Istambul desde 1999 — que, em fevereiro, defendeu a dissolução do grupo.

Apesar de ainda manter presença armada e realizar ataques, inclusive controlando áreas da Síria, o PKK iniciou o processo de desmantelamento a partir dessa orientação.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, saudou o anúncio e declarou que ele marca “uma nova era” para o país.

Com o terrorismo e a violência completamente eliminados, as portas de uma nova era em todas as áreas serão abertas“, afirmou. “Os vencedores serão o nosso povo e o nosso país, e, na verdade, todos os nossos irmãos na nossa região“.

A decisão também repercutiu em Diyarbakir, principal cidade de maioria curda no sudeste do país. Embora o anúncio tenha sido bem recebido, o sentimento predominante é de cautela.

Queremos que este processo continue. Não devem enganar o povo como fizeram da última vez“, disse o operário Fahri Savas, de 60 anos.

Em sua nota, o PKK destacou que a decisão “fornece uma base sólida para uma paz duradoura e uma solução democrática“, e cobrou ação das instituições: “É essencial que o Parlamento turco desempenhe seu papel com responsabilidade histórica“.

Líderes da oposição também se manifestaram. Özgür Özel, presidente do partido CHP, escreveu na rede X que “medidas terão que ser tomadas para institucionalizar a democracia e o estado de direito como garantia de paz social“.

A União Europeia considerou o anúncio um possível avanço e declarou que “o início de um processo de paz confiável (…) seria um passo positivo em direção a uma solução pacífica e sustentável“. O bloco também pediu que todas as partes envolvidas contribuam para esse caminho.

Hoje, os curdos representam cerca de 20% da população de 86 milhões de habitantes da Turquia.

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