Em delação, Cid revela que Bolsonaro consultou cúpula militar sobre plano de golpe

Tenente-coronel Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Reprodução

Em um dos depoimentos à Polícia Federal (PF), o ex-ajudante de ordens Mauro Cid relatou que, logo após a derrota no segundo turno da eleição, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu das mãos do assessor Filipe Martins uma minuta de decreto para convocar novas eleições, que incluía a prisão de adversários.

Segundo Cid, que é tenente-coronel do Exército, Bolsonaro apresentou o documento a militares do alto comando das Forças Armadas.

O ex-ajudante de ordens relatou que o comandante da Marinha na época, o almirante Almir Garnier Santos, se manifestou a favor do plano golpista durante conversas de bastidores e teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente. Já o comando do Exército afirmou, naquela ocasião, que não embarcaria na trama.

Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha do Brasil — Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Essas informações constam em um dos anexos dos depoimentos já prestados por Cid na delação.

O tenente-coronel disse aos investigadores que presenciou tanto a reunião em que Martins teria entregue o documento a Bolsonaro quanto a do então presidente com os militares.

A delação premiada de Mauro Cid é considerada um ponto de partida das investigações. A PF tem tratado o tema com cautela e sigilo. Uma das suspeitas dos investigadores é que essas articulações resultaram nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Cid, que estava preso desde maio após uma operação contra um esquema de falsificação de cartão de vacinação, deixou a prisão após a homologação do acordo de delação.

Além de contar aos policiais sobre os planos golpistas, o tenente-coronel apresentou informações sobre outros temas, como o caso das joias, por exemplo.

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