Em conversa, Mauro Cid cita US$ 25 mil “em cash” que seriam para Bolsonaro
Em conversa com Marcelo Câmara, então assessor de Jair Bolsonaro (PL), o ex-ajudante de ordens Mauro Cid diz que seu pai, o general da reserva Mauro Lourena Cid, estaria em posse de US$ 25 mil que supostamente pertenciam ao ex-presidente e que deveriam ser entregues em espécie para evitar movimentações em contas bancárias:
Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em cash aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente, dar abraço nele, né? E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta […] Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor, né?
Em resposta, Câmara reforçou o receio de utilizar o sistema bancário e disse: “Melhor trazer em cachê“.
O diálogo foi obtido pela Polícia Federal (PF) como parte da investigação que apura um esquema de desvio de presentes valiosos dados por autoridades estrangeiras à Presidência da República durante o governo Bolsonaro. Segundo a corporação, o objetivo seria vender os itens de luxo e embolsar o dinheiro.
Para os investigadores, a fala mostra que “Mauro Cid deixa evidenciado o receio de utilizar o sistema bancário formal para repassar o dinheiro ao ex-presidente e então sugere entregar os recursos em espécie, por meio de seu pai“.
O pai, o general Mauro Lourena Cid, foi um dos alvos da “Operação Lucas 12:2”, deflagrada na manhã desta sexta-feira (11). Foram cumpridos mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Cid filho continua a conversa com Câmara explicando que tentou vender esculturas recebidas por Bolsonaro durante uma viagem oficial ao Oriente Médio, mas não teve sucesso porque elas não eram de ouro:
Aquelas duas peças que eu trouxe do Brasil: aquele navio e aquela árvore; elas não são de ouro. Elas têm partes de ouro, mas não são todas de ouro (…) Então eu não estou conseguindo vender. Tem um cara aqui que pediu para dar uma olhada mais detalhada para ver o quanto pode ofertar (…) eu preciso deixar a peça lá (…) pra ele poder dar o orçamento. Então eu vou fazer isso, vou deixar a peça com ele hoje (…).