Silvinei direcionou ação da PRF contra eleitores de Lula, indicam mensagens obtidas pela PF

Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) — Foto: Reprodução

Mensagens em posse da Polícia Federal (PF) indicam que Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no governo de Jair Bolsonaro (PL), ordenou um policiamento direcionado contra eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no 2º turno das eleições presidenciais de 2022.

Essas conversas fazem parte dos elementos usados pela PF para pedir a prisão de Vasques, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, ao STF, e efetuada nesta quarta-feira (9).

Sobre o direcionamento da fiscalização, a PF cita uma conversa entre Adiel Pereira, então coordenador de Análise de Inteligência da PRF, e o policial Paulo César Botti Alves.

No diálogo, Adiel critica Vasques que, segundo ele, teria falado em uma reunião de gestão antes da eleição sobre a necessidade de “policiamento direcionado”.

Mensagem enviada por servidor da PRF a colega após reunião com Silvinei Vasques — Foto: PF/Reprodução

Mais evidências

Em outras mensagens — obtidas a partir do celular da delegada federal Marília de Alencar, então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, sob a gestão de Anderson Torres — os investigadores encontraram um mapa que mostra os locais onde houve maior concentração de votos do petista.

No arquivo periciado, há uma foto de uma folha de papel com a impressão de um painel com o título “Concentração maior ou igual a 75% – Lula”.

Mapa com concentração de eleitores de Lula foi utilizada em reunião sobre blitze da PRF — Foto: Reprodução/PF

Na página, há também um mapa do Brasil e uma lista de cidades, como Crato, no Ceará, e Paulo Afonso, na Bahia. Nesses dois lugares, por exemplo, Lula teve 81% e 77% dos votos, enquanto Jair Bolsonaro (PL) teve 13% e 18%, respectivamente.

Segundo as investigações, esse planejamento foi encaminhado ao então superintendente da PF na Bahia, Leandro Almada.

Às vésperas do segundo turno, Torres — chefe de Vasques — viajou à Bahia para uma reunião com Almada na qual pediu que a corporação sob seu comando trabalhasse em conjunto com a PRF nas operações de 30 de outubro.

No dia do pleito, segundo dados do Ministério da Justiça, a corporação parou 324 ônibus em estradas do Nordeste, onde Lula obteve seus maiores índices de votação, enquanto no Centro-Oeste foram 152; no Sudeste, 79; no Norte, 76; e no Sul, 65.

Segundo o atual diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Oliveira, a atuação da polícia na época foi “desproporcional” no Nordeste, com mobilização superior à empregada durante os festejos do São João, a maior operação da corporação na região.

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