Fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, um dos maiores do mundo, morre aos 81 anos

Sebastião Salgado em imagem de 18 de maio de 2021, em Paris — Foto: Joel Saget/AFP/Arquivo

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, considerado um dos mais influentes do mundo, morreu na manhã desta sexta-feira, 23, em Paris, aos 81 anos. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização ambiental que ele criou junto com a esposa, Lélia Deluiz Wanick Salgado.

Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora“, destacou a entidade em nota.

Mineiro de Aimorés, nascido em 1944, Salgado formou-se em economia antes de descobrir, em 1973, sua verdadeira vocação: a fotografia. A partir daí, percorreu mais de 120 países com sua câmera, registrando povos, lutas sociais e paisagens naturais — quase sempre em preto e branco — com um olhar que revelava tanto a beleza quanto a dor do planeta.

Seu trabalho ganhou notoriedade com registros marcantes, como os da mina de ouro da Serra Pelada, na década de 1980, e projetos como Trabalhadores e Êxodos, este último sobre migrações humanas em diversas partes do mundo. Mais do que documentar, suas imagens buscavam provocar reflexão e empatia.

Em 1998, já reconhecido internacionalmente, fundou o Instituto Terra ao lado de Lélia, com o objetivo de recuperar áreas devastadas da Mata Atlântica no Brasil e promover a educação ambiental. Desde então, passou a dedicar grande parte de sua energia à causa ecológica.

Nos últimos anos, Salgado enfrentava um distúrbio sanguíneo decorrente de malária contraída na Indonésia e não tratada adequadamente. Em 2024, decidiu se afastar do trabalho de campo, explicando que seu corpo sentia “os impactos de anos de trabalho em ambientes hostis e desafiadores”.

Entre os muitos reconhecimentos recebidos ao longo da carreira estão a comenda da Ordem do Rio Branco, no Brasil, e o título de membro da Academia de Belas Artes da França. Também foi nomeado Embaixador da Boa Vontade da UNICEF e membro honorário da Academy of Arts and Sciences dos Estados Unidos.

“A fotografia é o espelho da sociedade”, disse certa vez ao receber um prêmio em Londres — uma frase que resume sua trajetória de mais de meio século dedicada a dar visibilidade à condição humana e à preservação do planeta.

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