Vice-presidente dos EUA defende que Ucrânia e Rússia façam concessões territoriais para viabilizar acordo de cessar-fogo

O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, defendeu nesta quarta-feira, 23, que Rússia e Ucrânia aceitem concessões territoriais como caminho para alcançar um cessar-fogo no conflito entre os dois países.
Durante visita oficial à Índia, Vance afirmou: “Acredito que se chegou a um ponto de dar, se não o último passo, um dos últimos, ou seja, vamos parar com a matança, vamos congelar as linhas territoriais a algum nível próximo de onde elas estão hoje”.
Ele completou: “Isso significa que tanto ucranianos quanto russos deverão ter de ceder parte do território que possuem atualmente”.
Segundo o vice-presidente, caso não haja acordo, “os EUA irão se retirar” das negociações de paz.
A proposta, no entanto, contrasta com a posição da União Europeia. Em resposta à declaração de Vance, o bloco reforçou o apoio à soberania e à integridade territorial da Ucrânia.
“Em relação à Crimeia, a nossa posição é clara: a Crimeia é Ucrânia”, afirmou Guillaume Mercier, porta-voz da Comissão Europeia, em coletiva de imprensa realizada nesta quarta.
Ele reagia aos rumores sobre uma possível proposta de trégua que envolveria o congelamento das atuais linhas de frente do conflito.
Também nesta quarta-feira, autoridades americanas e europeias planejavam se reunir em Londres para discutir caminhos para um possível cessar-fogo entre Kiev e Moscou.
No entanto, após a ausência do secretário de Estado do governo Trump, Marco Rubio — que cancelou sua participação —, a reunião acabou restrita a diplomatas de segundo escalão.
Mesmo assim, o governo do Reino Unido comentou as falas de Vance. Um porta-voz britânico afirmou que a decisão sobre o rumo do conflito cabe exclusivamente à Ucrânia: “A Ucrânia deve decidir seu próprio destino”.
Ele não se posicionou diretamente sobre um possível reconhecimento por parte de Washington da anexação da Crimeia pela Rússia, que invadiu o território em 2014 e retomou ofensivas em outras regiões ucranianas em 2022.
“Apoiamos os esforços liderados pelos EUA para dar um fim duradouro à guerra”, concluiu o porta-voz.