Trump demite chefe das Forças Armadas dos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu o general Charles Q. Brown, chefe do Estado-Maior Conjunto e principal autoridade militar do país, na sexta-feira, 21.

A decisão ocorre em meio a semanas de instabilidade no Pentágono e discussões sobre mudanças na liderança da Defesa.

“Quero agradecer ao general Charles ‘CQ’ Brown por seus mais de 40 anos de serviço ao nosso país, incluindo seu papel atual como chefe do Estado-Maior Conjunto. Ele é um homem exemplar e um líder excepcional, e desejo um futuro brilhante para ele e sua família“, publicou Trump na Truth Social.

Brown, general de quatro estrelas da Aeronáutica e segundo homem negro a ocupar o cargo, será substituído por John Dan “Razin” Caine, tenente-general da Força Aérea (USAF).

“O general Caine é um piloto talentoso, especialista em segurança nacional, empreendedor de sucesso e um combatente com significativa experiência entre agências e em operações especiais“, escreveu Trump.

Normalmente, os chefes do Estado-Maior Conjunto permanecem no cargo mesmo com a troca de governo, independentemente da filiação partidária do presidente. No entanto, Trump tem demonstrado a intenção de nomear aliados de confiança para cargos militares de alto escalão.

A relação de Trump com a alta cúpula militar se deteriorou desde o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

Mark Milley, ex-chefe do Estado-Maior Conjunto, tornou-se um dos principais opositores do republicano, chamando-o de fascista e relatando sua conduta na tentativa de insurreição.

Trump reagiu dizendo que Milley deveria ser julgado por traição e sugeriu sua execução, após revelações de que o general fez ligações secretas a um colega chinês para assegurar que os EUA não atacariam a China no fim de seu mandato.

A demissão de Brown também reflete a visão de Trump de que a liderança militar está excessivamente focada em questões de diversidade, em detrimento da missão de defesa nacional. O presidente defende uma reorientação das Forças Armadas para alinhá-las ao movimento “America First”.

O secretário de Defesa, Pete Hegseth, já havia criticado Brown por priorizar programas de inclusão. “Em primeiro lugar, você tem que demitir o chefe do Estado-Maior Conjunto“, afirmou Hegseth em um podcast, em novembro.

Ele defendeu a saída de qualquer general envolvido em iniciativas de diversidade. “Você está aqui para o combate, e é só isso. Esse é o único teste decisivo que nos importa.“

Apesar de, inicialmente, ter demonstrado disposição para trabalhar com Brown, Hegseth rapidamente o afastou do núcleo próximo a Trump. O general não foi chamado para reuniões estratégicas importantes, segundo fontes do governo.

Além de Brown, outros seis oficiais do Pentágono foram demitidos, incluindo a almirante Lisa Franchetti, primeira mulher a comandar a Marinha; o general James Slife, vice-chefe da Força Aérea; além de alguns dos principais advogados das Forças.