Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, enfrenta pedidos de renúncia ou impeachment após fracasso na tentativa de impor lei marcial
Parlamentares da Coreia do Sul exigiram nesta quarta-feira, 4, que o presidente Yoon Suk-yeol renunciasse ou enfrentasse impeachment, após ele declarar lei marcial e revogar a medida horas depois, mergulhando o país em uma crise política.
A situação começou a se deteriorar na terça-feira, 3, quando Yoon anunciou a lei marcial, justificando-a como medida para “proteger o país contra a Coreia do Norte e forças anti-estado“. No entanto, ele não apresentou ameaças concretas.
A medida foi recebida com forte oposição do Parlamento, que rejeitou tentativas de censurar a mídia e suspender atividades políticas.
Militares invadiram o prédio da Assembleia Nacional, gerando cenas de caos: assessores usaram extintores para contê-los, enquanto manifestantes enfrentavam a polícia do lado de fora.
Poucas horas após a declaração, o Legislativo local, com 190 dos 300 membros presentes, incluindo 18 do partido de Yoon, aprovou por unanimidade a revogação da lei marcial.
Sob pressão, o presidente retirou a medida. Do lado de fora, manifestantes comemoraram gritando “Vencemos!” e tocando tambores.
O principal partido de oposição, o Democrático, exigiu a renúncia de Yoon.
“Ficou claro para toda a nação que o presidente Yoon não tem mais condições de governar o país normalmente. Ele deve renunciar“, afirmou Park Chan-dae, membro sênior do partido.
Outas seis legendas oposicionistas anunciaram um projeto de impeachment, com votação prevista para sexta-feira, 6.
Em contrapartida, o líder do partido governista, Poder do Povo, pediu a demissão do ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, e de todo o gabinete.
Um assessor presidencial defendeu a decisão de Yoon, alegando que “tudo foi feito dentro do arcabouço constitucional“. Ainda assim, sindicatos convocaram novos protestos em Seul, prometendo greves até que Yoon renuncie.
Grandes empresas como Naver Corp. e LG Electronics orientaram funcionários a trabalharem de casa, enquanto a embaixada dos Estados Unidos recomendou que americanos evitassem áreas de protestos.
A crise teve reflexos econômicos: os mercados financeiros enfrentaram alta volatilidade, com queda de 2% nas ações sul-coreanas e desvalorização do won, que atingiu o menor nível em dois anos antes de se estabilizar.
O ministro das Finanças, Choi Sang-mok, e o presidente do Banco da Coreia, Rhee Chang-yong, prometeram apoio ao mercado, se necessário.