Agentes iranianos montaram complô para matar Trump, aponta investigação
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos comunicou nesta sexta-feira, 8, que agentes iranianos estariam envolvidos em um suposto plano para assassinar o presidente eleito do país, Donald Trump.
De acordo com a investigação, um dos suspeitos teria recebido instruções de um funcionário do governo iraniano, ainda antes da eleição presidencial americana, para elaborar um esquema que visava a eliminação do republicano.
Esse plano teria como objetivo “vingar a morte do general Qassem Soleimani”, que foi morto em 2020 durante um ataque americano autorizado por Trump, enquanto ele exercia seu primeiro mandato na Casa Branca.
As autoridades federais souberam da conspiração através de Farhad Shakeri, um alegado agente do governo iraniano que passou anos em prisões nos EUA. Segundo o Departamento de Justiça, Shakeri opera uma rede criminosa responsável pela execução de assassinatos em nome de Teerã.
Durante interrogatórios, Shakeri afirmou que um contato da Guarda Revolucionária do Irã o instruiu a elaborar um plano em sete dias para monitorar e eliminar Trump.
Esses detalhes foram divulgados em um documento de um tribunal federal de Manhattan. Um representante iraniano teria assegurado a Shakeri que “dinheiro não é um problema” e que já havia sido destinado um valor significativo para a missão.
Caso Shakeri não conseguisse formular o plano no prazo estabelecido, a conspiração seria suspensa até após as eleições, sob a suposição de que Trump perderia a disputa, o que facilitaria a execução do plano.
Atualmente, Shakeri, de 51 anos, está foragido e acredita-se que esteja no Irã. Ele emigrou para os EUA ainda criança, mas foi deportado em 2008 após cumprir uma pena de 14 anos por roubo.
Nos últimos meses, Shakeri utilizou uma rede de contatos criminosos, conhecidos na prisão nos EUA, para fornecer à Guarda Revolucionária iraniana agentes encarregados de vigilância e assassinato — declarou o Departamento de Justiça.
Além disso, dois outros suspeitos, Carlisle Rivera e Jonathon Loadholt, ambos de Nova York, foram detidos nesta sexta.
As autoridades afirmam que ambos teriam sido recrutados para participar de outros assassinatos, incluindo uma tentativa contra um jornalista iraniano-americano crítico do regime de Teerã.
Loadholt e Rivera teriam agido sob a orientação de Shakeri, passando meses monitorando um cidadão americano de origem iraniana e crítico declarado do regime iraniano, alvo de múltiplas tentativas de assassinato.
Embora o nome desse cidadão não tenha sido revelado, as acusações surgem menos de três semanas após um general da Guarda Revolucionária ser acusado em Nova York de envolvimento em um plano para matar o jornalista dissidente Masih Alinejad, residente na mesma cidade.
As acusações reveladas hoje expõem as repetidas e descaradas tentativas do Irã de atingir cidadãos americanos, incluindo o presidente eleito Donald Trump, além de outros líderes e dissidentes que se opõem ao regime de Teerã — disse o diretor do FBI, Christopher Wray.
O procurador-geral Merrick Garland acrescentou: “Poucos atores representam uma ameaça tão grave à segurança nacional dos EUA quanto o Irã”.
A revelação desse plano, pouco após a vitória de Trump nas eleições, é vista por autoridades federais como mais um indício dos esforços contínuos do Irã para atingir autoridades americanas em solo nacional.
Nos últimos meses, o Departamento de Justiça também acusou um paquistanês com vínculos com o Irã por suposto envolvimento em outro plano de assassinato contra autoridades americanas.
Além disso, o Departamento de Estado americano ofereceu uma recompensa de US$ 20 milhões (cerca de R$ 114 milhões) por informações que levem à captura do alegado mentor iraniano de um complô para assassinar o ex-embaixador e ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca John Bolton.
Autoridades americanas também descobriram operações iranianas para hackear e divulgar e-mails de pessoas ligadas à campanha de Trump, em um suposto esforço para influenciar as eleições.
A inteligência dos EUA concluiu que o Irã se opunha fortemente à reeleição de Trump, acreditando que sua volta ao poder poderia intensificar as tensões com Washington.
Durante seu primeiro mandato, Trump retirou os EUA do acordo nuclear com o Irã, reinstaurou sanções e ordenou o ataque que matou Qassem Soleimani, o que levou os líderes iranianos a prometerem retaliação.