Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, morre aos 96 anos
Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento e ex-deputado federal, morreu na madrugada desta segunda-feira, 12, aos 96 anos.
Ele estava internado desde 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo, devido a complicações em seu estado de saúde. Sua assessoria de imprensa não informou o motivo exato da hospitalização.
Ele deixa uma filha e um neto. O velório será restrito a familiares.
Biografia
Delfim Netto foi uma figura central na política econômica do Brasil durante a ditadura militar, tendo servido como Ministro da Fazenda de 1967 a 1974, durante os governos autoritários de Artur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici.
Ele é frequentemente associado ao período conhecido como “milagre econômico”, marcado por um crescimento acelerado da economia brasileira, embora acompanhado de um aumento significativo da desigualdade social e do endividamento externo do país.
Formado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), onde também foi professor e deixou um legado acadêmico importante, Delfim foi uma figura influente na política econômica do Brasil por várias décadas.
Após seu período no Ministério da Fazenda, ele ocupou os cargos de Embaixador do Brasil na França (1975-1978), Ministro da Agricultura e Ministro do Planejamento no governo do general João Figueiredo, onde enfrentou desafios como o segundo choque do petróleo e a crise da dívida externa.
Delfim foi deputado federal e conselheiro econômico de vários governos, incluindo petistas. Ao longo de sua vida, ele publicou diversos livros e artigos sobre economia, mantendo-se ativo como comentarista econômico até seus últimos anos.
Um aspecto controverso de sua biografia é o fato dele ter sido signatário do nefasto Ato Institucional nº 5 (AI-5), o mais repressivo decreto da ditadura militar, que suspendeu direitos civis e políticos no Brasil.
Delfim Netto defendeu sua participação nesse episódio, afirmando que, em circunstâncias similares, tomaria a mesma decisão.
Sua morte marca o fim de uma era na história econômica e política do Brasil, deixando um legado complexo e multifacetado, tanto de desenvolvimento econômico quanto de controvérsias políticas.