PF investiga se Abin sob Ramagem atuou por interesses de Jair Renan e Flávio Bolsonaro
A Polícia Federal (PF) encontrou indícios de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), quando chefiada por Alexandre Ramagem, agiu para fornecer informações confidenciais a Jair Renan Bolsonaro e ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sobre investigações em andamento.
Irregularidades no órgão, incluindo o uso do software espião FirstMile, estão na mira da operação Vigilância Aproximada, que investiga, segundo a PF, uma “organização criminosa que se instalou na Abin com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial“.
No caso de Jair Renan, a Abin teria atuado para ajudar o filho do então presidente na investigação contra ele por tráfico de influência, já que o “04” tinha ligações com empresas que mantinham e tinham interesse em contratos com o governo federal.
Agentes do órgão tentaram atrapalhar a investigação e coletar informações com o objetivo de evitar “riscos à imagem” de Jair Bolsonaro.
Um policial federal lotado na Abin chegou a seguir um dos alvos da investigação, que, desconfiado, acionou a Polícia Militar (PM).
O agente em questão foi ouvido pela PF e confirmou que trabalhava diretamente com Ramagem e que foi encarregado de colher informações sobre o caso investigado.
Flávio Bolsonaro, por sua vez, teria se beneficiado das ações da Abin para levantar informações contra auditores da Receita Federal.
O filho “01” de Bolsonaro na época era investigado no escândalo das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Flávio teria tentado apontar irregularidades na Receita como forma de anular a investigação contra ele.
Após uma reunião entre as advogadas de Flávio e Bolsonaro, agentes da Abin teriam produzido relatórios sobre como o senador deveria agir para se livrar das ações.
Outro lado
A defesa de Jair Renan disse não ter “nada a declarar” e acrescentou que “os advogados não têm acesso aos inquéritos, e tudo mais é especulação”.
Já Flávio Bolsonaro, em nota, nega que tenha sido favorecido pela Abin em qualquer situação, classificando tal ideia como “um completo absurdo”.
“É mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida. Isso é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro“, escreveu Flávio.
“Minha vida foi virada do avesso por quase cinco anos e nada foi encontrado, sendo a investigação arquivada pelos tribunais superiores com teses tão somente jurídicas, conforme amplamente divulgado pela grande mídia“, completou o senador.