Governo Trump anuncia envio de 700 fuzileiros navais para Los Angeles em meio a protestos contra deportações

O governo de Donald Trump anunciou o envio de cerca de 700 fuzileiros navais (Marines) da ativa para reforçar a federalizada Guarda Nacional da Califórnia, em resposta aos protestos em Los Angeles contra deportações, prisões e a nova política anti-imigração da Casa Branca.

A informação foi confirmada pelo Comando Norte dos Estados Unidos nesta segunda-feira, 9 de junho.

A decisão marca uma escalada no confronto legal e político com o estado da Califórnia, cujas autoridades consideram as medidas injustificadas.

O 2º Batalhão, 7º Regimento de Fuzileiros Navais, pertencente à 1ª Divisão de Fuzileiros Navais, foi colocado em estado de alerta durante o fim de semana e “se integrará aos Guardas Nacionais que estão protegendo pessoal e propriedade federais na área metropolitana de Los Angeles”, segundo comunicado oficial do Comando Norte.

Ainda segundo a nota, a ativação dos fuzileiros tem como objetivo fornecer à Força-Tarefa 51 capacidade adequada para manter uma cobertura contínua da área em apoio à agência federal líder.

A Força-Tarefa 51 agora é composta por cerca de 2.100 soldados da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais da ativa, todos treinados em desescalada de conflitos, controle de multidões e nas regras permanentes para o uso da força.

Embora a legislação dos Estados Unidos — especialmente o Posse Comitatus Act — proíba o uso de forças armadas da ativa em ações policiais dentro do território nacional, há exceções previstas, como a Lei da Insurreição de 1807. No entanto, o governo não invocou formalmente essa legislação.

A operação, até o momento, se restringe à proteção de bens e instalações federais, o que é permitido sem a ativação da Lei de Insurreição.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, já havia criticado o secretário de Defesa, Pete Hegseth, por ter mencionado a possibilidade de uso dos fuzileiros, chamando a ameaça de “comportamento perturbado”.

Após a ordem de Trump, o governo estadual decidiu acionar a Justiça para tentar barrar a medida.

No domingo, 8, Trump assinou uma ordem que federalizou a Guarda Nacional da Califórnia, transferindo seu comando ao Comando Norte dos EUA e autorizando o envio de pelo menos dois mil soldados à região de Los Angeles.

O decreto também autoriza o secretário de Defesa a empregar “quaisquer outros membros das Forças Armadas regulares, conforme necessário”.

Newsom enviou uma solicitação formal à Casa Branca pedindo que a ordem fosse revogada e que as tropas retornassem ao controle estadual, alertando que a medida apenas aumentaria as tensões.

O governador classificou a decisão como “ilegal” e confirmou que o estado moverá uma ação judicial contra o governo federal.

Em um evento na Casa Branca nesta segunda, Trump afirmou que decidiu agir porque as autoridades locais estavam “sobrecarregadas” e indicou que está disposto a enviar mais tropas, se necessário.

Temos que nos certificar de que haverá lei e ordem”, disse o presidente.

Questionado sobre o envio dos fuzileiros, Trump pareceu não estar ciente de que já estavam a caminho. “Vamos ver o que acontece. Acho que temos tudo muito bem sob controle”, afirmou.

Mais cedo, Trump chegou a sugerir que poderia prender Newsom pela forma como o governador vem lidando com a crise.

Ao ser questionado sobre o motivo da ameaça, respondeu: “O crime de Newsom é se candidatar a governador, porque ele fez um trabalho muito ruim”.

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