Justiça dos EUA suspende proibição imposta por Trump à matrícula de estrangeiros em Harvard

A Justiça dos Estados Unidos suspendeu, nesta sexta-feira, 23, a decisão do governo do presidente Donald Trump que proibia a presença de estudantes estrangeiros na Universidade de Harvard. Com isso, alunos internacionais seguem autorizados a obter ou manter vistos de estudante no país.
A proibição havia sido anunciada um dia antes pelo Departamento de Segurança Interna (DHS) e afetaria diretamente cerca de 7.000 estudantes internacionais — um quarto do corpo estudantil de Harvard.
A medida previa que esses alunos se transferissem para outras instituições, sob risco de deportação. Novos ingressantes, previstos para o ano letivo de 2025-2026, seriam impedidos de iniciar as aulas.
A suspensão foi determinada pela juíza Allison Burroughs, nomeada pelo ex-presidente Barack Obama, após uma queixa apresentada pela universidade.
Ela ordenou a paralisação imediata da medida, que fica sem efeito até que o governo decida se vai recorrer. Audiências foram marcadas para os dias 27 a 29 de maio.
Na ação, Harvard alertou para os “efeitos devastadores” da decisão sobre os estudantes estrangeiros, fundamentais para a missão acadêmica da instituição.
“Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard“, declarou a universidade, fundada há 389 anos. “Com um golpe de caneta, o governo tentou apagar um quarto do corpo estudantil de Harvard, estudantes internacionais que contribuem significativamente para a universidade e nossa missão.“
A universidade também classificou a medida como uma “violação flagrante” da Primeira Emenda da Constituição dos EUA e de outras leis federais.
O DHS justificou a proibição alegando que Harvard não entregou documentos solicitados sobre seus estudantes estrangeiros.
Em carta enviada à universidade, a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, acusou a instituição de manter um “ambiente hostil para estudantes judeus”, promover “simpatias ao Hamas” e adotar “políticas racistas” em suas diretrizes de diversidade, equidade e inclusão.
A suspensão marca o ponto mais tenso até agora no confronto entre Harvard e o governo Trump sobre políticas de imigração e autonomia universitária.