Reino Unido suspende negociações de livre comércio com Israel após nova escalada da guerra em Gaza

Primeiros-ministros do Reino Unido, Keir Starmer, e de Israel, Benjamin Netanyahu – Foto: AP

O governo do Reino Unido, liderado pelo primeiro-ministro Keir Starmer, anunciou nesta terça-feira, 20, a suspensão das negociações para um acordo de livre comércio com Israel e convocou sua embaixadora no país, em resposta à nova ofensiva terrestre israelense na Faixa de Gaza e à contínua escassez de ajuda humanitária no território palestino.

Além disso, o governo britânico impôs sanções adicionais contra assentamentos israelenses na Cisjordânia, em meio ao aumento das críticas internacionais à condução da guerra por parte de Israel.

As medidas ocorrem um dia após uma declaração conjunta dos líderes do Reino Unido, França e Canadá.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o premiê canadense, Mark Carney, condenaram duramente a atuação israelense em Gaza e nos territórios ocupados.

Segundo Starmer, os três líderes estão “horrorizados” com a situação no enclave palestino.

O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, confirmou a suspensão das negociações comerciais e afirmou que, embora o acordo atualmente em vigor continue valendo, o país “não pode avançar com novas tratativas enquanto Israel mantiver políticas ‘escandalosas’ em Gaza e na Cisjordânia”.

No mesmo dia, a ONU informou ter recebido autorização de Israel para a entrada de cerca de 100 caminhões com ajuda humanitária em Gaza. No entanto, até o momento da atualização desta reportagem, os veículos ainda não haviam conseguido acesso ao território. Segundo a organização, apenas cinco entraram na segunda-feira, 19.

A liberação da ajuda ocorre em meio à intensificação da ofensiva militar israelense, que inclui ataques aéreos diários e operações terrestres. De acordo com o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo grupo terrorista Hamas, ao menos 60 palestinos morreram nesta terça em decorrência dos bombardeios.

Ameaça de sanções

Em uma declaração conjunta, Macron, Carney e Starmer alertaram que, se Israel não interromper a ofensiva e não permitir o fluxo de ajuda humanitária, “medidas concretas” serão adotadas. Eles também pediram o fim das “ações escandalosas” israelenses em Gaza e criticaram a “odiosa linguagem usada recentemente por membros do governo israelense”.

Os três líderes enfatizaram que o deslocamento forçado permanente de civis constitui violação do direito internacional humanitário e prometeram não permanecer “de braços cruzados” diante da escalada da violência sob o comando do premiê Benjamin Netanyahu.

Israel sofreu um atentado atroz em 7 de outubro. Sempre apoiamos o direito de Israel de defender seus cidadãos contra o terrorismo, mas esta escalada é totalmente desproporcional. Se Israel não puser fim à nova ofensiva militar nem interromper suas restrições à ajuda humanitária, adotaremos outras medidas concretas em resposta“, afirmaram os líderes, sem especificar quais ações seriam tomadas.

Os chefes de governo também reafirmaram apoio à realização de uma conferência prevista para 18 de junho em Nova York, que discutirá a solução de dois Estados. Segundo eles, o objetivo é “trabalhar com a Autoridade Palestina, os parceiros regionais, Israel e os Estados Unidos para alcançar um consenso sobre o futuro de Gaza, baseado no plano árabe”.

Estamos decididos a reconhecer um Estado palestino como contribuição para a realização de uma solução de dois Estados, e estamos dispostos a trabalhar com outros para tal fim”, concluíram os líderes do Reino Unido, França e Canadá.

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