EUA e Ucrânia assinam acordo sobre exploração de minerais raros que prevê fundo para reconstrução do país invadido pela Rússia

Os Estados Unidos e a Ucrânia assinaram nesta quarta-feira, 30, um acordo econômico que estabelece cooperação na exploração de terras raras — áreas ucranianas ricas em recursos naturais — e na reconstrução do país devastado pela guerra.
Pressionado desde fevereiro pelo presidente americano, Donald Trump, o governo ucraniano aceitou os termos do tratado, considerado essencial para garantir a continuidade do apoio dos EUA à Ucrânia no conflito contra a Rússia.
Trump justificou o pacto como forma de compensar parte dos bilhões de dólares enviados por Washington em ajuda militar e financeira desde 2022, quando a invasão russa começou.
Com validade de 10 anos, o acordo prevê a criação de um fundo conjunto entre os dois países para financiar projetos de reconstrução na Ucrânia.
Segundo o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, a parceria permitirá que os EUA invistam ao lado da Ucrânia, desbloqueiem os ativos de crescimento do país, mobilizem talento, capital e padrões de governança americanos que irão melhorar o ambiente de investimentos na Ucrânia e acelerar a recuperação econômica.
A ministra da Economia da Ucrânia, Yulia Svyrydenko, confirmou à Associated Press que a assinatura ocorreu em Washington.
Ela afirmou que, junto com os EUA, a Ucrânia está criando um fundo que atrairá investimentos globais para o país.
Inicialmente, o acordo deveria ter sido assinado no fim de fevereiro, durante um encontro entre Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na Casa Branca. No entanto, um bate-boca entre os dois no Salão Oval adiou o processo e levou à retomada das negociações.
Um dos principais objetivos do tratado para os EUA é garantir acesso a mais de 20 matérias-primas consideradas estratégicas — incluindo petróleo, gás natural e diversos minerais.
Entre os destaques estão o titânio, usado na indústria aeroespacial, e o urânio, aplicado em usinas nucleares, equipamentos médicos e armamentos.
O território ucraniano também abriga importantes reservas de lítio, grafite e manganês, essenciais para a fabricação de baterias de veículos elétricos.
A versão final do documento foi ajustada após críticas do governo ucraniano, que considerava a proposta original excessivamente favorável aos americanos.
Segundo o primeiro-ministro Denys Shmyhal, a redação atual garante uma parceria equilibrada entre as partes e mantém o prazo de validade de 10 anos.
O fundo conjunto será alimentado com 50% dos lucros e royalties arrecadados com novas licenças de exploração de recursos naturais emitidas pelo governo ucraniano.
No entanto, apenas os aportes militares realizados após a assinatura do acordo serão contabilizados como parte da contribuição americana.
De acordo com um rascunho obtido pela agência Reuters, os EUA terão acesso preferencial a contratos futuros de exploração, mas não receberão participação direta nas jazidas nem controle sobre a infraestrutura de gás do país.
Além disso, o texto final foi estruturado para não interferir no processo de adesão da Ucrânia à União Europeia — ponto considerado essencial por Kiev.