Após ordem de Lula, presidente do INSS deixa cargo em meio a investigação sobre fraude na autarquia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a demissão do presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, após ser informado por chefes da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre uma operação que investiga um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões.

A ordem foi transmitida ao ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, ainda pela manhã.

Por volta das 16h, Stefanutto comunicou que havia solicitado sua saída do cargo.

No início da noite, a exoneração foi oficializada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), sem menção de que teria sido a pedido.

Em nota, a defesa de Stefanutto informou que não se pronunciará até ter acesso ao processo.

Antes da decisão ser oficializada, Lupi declarou publicamente que não pretendia demitir o presidente do INSS.

Segundo ele, Stefanutto era um servidor que se mostrava exemplar e não deveria “ser queimado na fogueira” antes que se soubesse do que, de fato, era acusado.

O ministro afirmou também desconhecer o teor das acusações.

Apesar das declarações, integrantes do Palácio do Planalto avaliaram que a permanência de Stefanutto se tornara insustentável, especialmente diante da sensibilidade da gestão do INSS, que lida diretamente com milhões de beneficiários.

Lupi tentou, segundo relatos, criar um ambiente favorável para a saída voluntária de Stefanutto, elogiando-o em público. A estratégia, no entanto, desagradou uma ala do governo, que já articulava a demissão.

Durante todo o dia, o Planalto atuou para associar a operação da PF e da CGU à postura do governo de proteger aposentados e pensionistas, buscando minimizar o desgaste político.

Auxiliares do presidente destacaram que as associações investigadas foram credenciadas ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL) e que as apurações partiram de iniciativa da atual gestão.

A avaliação no governo é de que Stefanutto, no mínimo, se omitiu, já que havia recebido da CGU um relatório com suspeitas de irregularidades.

As investigações terão continuidade, e a Advocacia-Geral da União (AGU) atuará para garantir o ressarcimento aos beneficiários prejudicados pelos descontos não autorizados.

Além de Stefanutto, outros quatro integrantes do alto escalão do INSS também foram afastados por decisão da Justiça: o procurador-geral do órgão, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho; o diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, Vanderlei Barbosa; o coordenador-geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente; e o coordenador-geral de Pagamentos e Benefício.

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