Noboa é reeleito presidente do Equador; oponente diz não reconhecer resultado e que pedirá recontagem de votos

O atual presidente do Equador, Daniel Noboa, foi reeleito no segundo turno das eleições realizado neste domingo, 13, segundo confirmou a autoridade eleitoral do país.
Com mais de 90% das urnas apuradas, o líder de direita obteve 55,88% dos votos, enquanto sua principal adversária, Luisa González, de esquerda, ficou com 44,12%.
Apesar do resultado, González, ligada ao ex-presidente Rafael Correa, não reconheceu a vitória de Noboa e alegou fraude.
“O Equador vive uma ditadura, e hoje vivemos a fraude mais grotesca da história do país”, declarou ela a apoiadores em Quito. “Pediremos a recontagem dos votos.”
Esta é a primeira vez que Noboa assumirá um mandato completo de quatro anos. Ele foi eleito anteriormente, em 2023, para um governo-tampão, que durou apenas um ano e meio.
Empresário e herdeiro de uma das maiores fortunas do país, Noboa agora consolida sua liderança sobre o correísmo.
A vitória no segundo turno surpreendeu pelo tamanho da vantagem: no primeiro turno, realizado em fevereiro, a diferença entre os dois candidatos foi de apenas 0,17 ponto percentual, e as pesquisas apontavam empate técnico até os momentos finais da campanha.
Em seu discurso de vitória, Noboa afirmou: “O Equador está mudando, escolheu um outro caminho. E será o caminho para que nossos filhos vivam melhor que nós. Que tenham um governo e instituições mais transparentes, progresso e planejamento.”
Mais de 83,7% dos eleitores compareceram às urnas — um índice semelhante ao de pleitos anteriores e um pouco superior ao do primeiro turno.
A presidente da autoridade eleitoral, Diana Atamaint, celebrou a condução do processo. “A democracia se fortalece quando se respeita a voz do povo. E hoje essa voz foi respeitada”, afirmou, agradecendo o apoio de mais de cem mil integrantes das Forças Armadas e da polícia durante a votação.
Apesar da confirmação do resultado, o clima político no país permanece tenso. Na véspera da eleição, Noboa decretou um novo estado de exceção com medidas como restrições a reuniões públicas e a suspensão do direito à inviolabilidade domiciliar.
A decisão foi duramente criticada por setores da oposição, que acusam o governo de tentar limitar a mobilização popular diante de uma eventual contestação do resultado, como a que agora se concretiza.
A expectativa agora se volta para esta terça-feira, 15, quando a Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE) divulgará seu relatório preliminar.
Até o momento, tanto essa missão quanto outra do Parlamento do Mercosul (Parlasul) não apontaram irregularidades significativas no processo eleitoral. Na manhã de domingo, a MOE afirmou que a votação transcorria normalmente.
Segundo os dados oficiais, González manteve no segundo turno praticamente o mesmo desempenho do primeiro. O resultado indica que o voto contrário a Correa — o chamado anticorreísmo — foi decisivo para impulsionar Noboa.
Durante a campanha, González costurou uma aliança com o movimento indígena, cujo candidato no primeiro turno, Leonidas Iza, obteve mais de 5% dos votos.
No entanto, o apoio foi limitado, já que o movimento é dividido em várias correntes e muitos grupos rejeitam qualquer projeto associado a Correa, especialmente devido ao apoio dele, entre 2007 e 2017, a projetos de mineração que enfrentaram forte resistência dos povos indígenas.
Noboa enfrentará agora um país em crise, agravada pela pandemia, pela fragmentação política e pelo crescimento da violência ligada ao narcotráfico.
O avanço de grupos armados transformou a insegurança no principal tema para os equatorianos: comércios são fechados por extorsões, assassinatos crescem e milhares deixam o país.
Mesmo com uma redução de 16% no número de homicídios dolosos no último ano, a taxa de 38 assassinatos por 100 mil habitantes mantém o Equador com o maior índice da América Latina.