Datafolha: Lula estanca queda de popularidade, mas reprovação ainda supera aprovação

Presidente Lula - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu conter a queda de sua popularidade, segundo a mais recente pesquisa Datafolha, divulgada na noite desta sexta-feira, 4.

Houve uma leve recuperação na aprovação do governo: a parcela da população que considera sua gestão “ótima ou boa” subiu de 24% em fevereiro para 29%.

Ainda assim, a taxa de reprovação segue mais alta — 38% classificam o governo como “ruim ou péssimo”, contra 41% no levantamento anterior. Outros 32% o avaliam como “regular”.

Questionados sobre a aprovação geral ao governo Lula, os brasileiros estão divididos: 49% desaprovam e 48% aprovam — empate técnico dentro da margem de erro. Apenas 3% não souberam responder.

Realizada entre os dias 1º e 3 de abril, a pesquisa ouviu 3.054 pessoas com 16 anos ou mais em 172 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Esse é o segundo pior resultado para Lula desde o início do terceiro mandato — desempenho melhor apenas que o de fevereiro.

Até então, o índice de aprovação sempre superava, mesmo que numericamente, o de reprovação. Em dezembro, por exemplo, 35% avaliavam o governo positivamente, contra 34% que o reprovavam.

A queda se acentuou nos últimos meses diante da alta dos preços dos alimentos, que pressionam a inflação, e de episódios como a crise do Pix — marcada por notícias falsas sobre uma suposta taxação da ferramenta.

No início do ano, o presidente promoveu mudanças na Secretaria de Comunicação Social (Secom), colocando o marqueteiro da campanha de 2022, Sidônio Palmeira, no comando da pasta.

A pesquisa aponta que o atual índice de avaliação positiva de Lula se aproxima dos 28% registrados em outubro e dezembro de 2005, em meio à crise do mensalão, durante seu primeiro mandato.

Para efeito de comparação, no mesmo momento de seu governo, em maio de 2021, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha 24% de aprovação e 45% de reprovação. Outros 30% consideravam sua gestão regular.

Apesar da leve melhora na aprovação desde fevereiro, a expectativa sobre o futuro da gestão não acompanhou esse movimento.

Quando perguntados sobre o que esperam do governo daqui para frente, 35% acreditam que será “ótimo ou bom” — o mesmo percentual dos que preveem um desempenho “ruim ou péssimo”. Outros 28% projetam um governo “regular”.

É a primeira vez, desde o início do terceiro mandato, que a expectativa positiva não supera a negativa. Em março de 2023, logo após a posse, 50% esperavam um governo “ótimo ou bom”, enquanto apenas 21% tinham uma visão pessimista.

O levantamento também revela que a percepção sobre as mudanças na vida pessoal após a volta de Lula ao poder não é animadora para o Planalto: 29% afirmam que a vida piorou, frente a 23% em julho do ano passado.

Já os que dizem que a vida melhorou são 28% (antes, 26%), dentro da margem de erro. A maioria, 42%, relata que a situação permanece igual — número inferior aos 51% registrados anteriormente.

Entre os recortes por público, as mulheres mostraram uma melhora na avaliação: 30% agora consideram o governo “ótimo ou bom”, frente aos 24% de fevereiro. Em dezembro, esse índice era de 38%.

Entre os mais pobres, com renda de até dois salários mínimos, a aprovação subiu de 29% para 30%, mas segue distante dos 44% registrados em dezembro — segmento em que Lula historicamente tem melhor desempenho.

A recuperação foi mais expressiva entre os eleitores com ensino superior, cuja aprovação saltou de 18% para 31%.

O mesmo movimento ocorreu entre as faixas de renda mais altas: entre quem ganha de 2 a 5 salários mínimos, a taxa passou de 17% para 26%; entre os que ganham de 5 a 10 salários ou mais de 10 salários, a aprovação subiu de 18% para 31%.

Regionalmente, o Nordeste continua sendo o maior reduto de apoio ao presidente, com 38% de avaliação positiva. Apesar disso, ainda não recuperou os índices de dezembro, quando a aprovação era de 49% e caiu para 33% em fevereiro. No Sudeste, houve leve melhora: a aprovação passou de 20% para 25%.

Em meio aos esforços para melhorar sua imagem, o governo Lula prepara uma ofensiva publicitária. Estão previstos contratos com ministérios, estatais e bancos que podem somar até R$ 3,5 bilhões neste ano, após a conclusão de licitações para escolha de agências de propaganda.

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