Após pressão dos EUA, Panamá cancela acordo econômico da Nova Rota da Seda com a China

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino (foto), anunciou nesta quinta-feira, 6, a retirada do país da Nova Rota da Seda, megaprojeto chinês que financia infraestrutura e cooperação econômica em troca de ampliar a influência de Pequim no mundo.
Criada em 2013, a iniciativa — também conhecida como “Cinturão e Rota” — tem um orçamento trilionário para a construção e modernização de estradas, ferrovias, portos, aeroportos, redes de energia e telecomunicações.
Atualmente, está presente em 21 países da América Latina, mas o Brasil não aderiu. No mundo, a China mantém projetos ou investimentos em 150 países, incluindo 53 na África.
A saída do Panamá ocorre sob pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou intervir no Canal do Panamá alegando que a infraestrutura estaria sob controle chinês.
Mulino, no entanto, negou influência dos EUA na decisão, apesar de ter se reunido na semana passada com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, na capital panamenha. “Essa é uma decisão que tomei”, afirmou.
Segundo Mulino, a embaixada panamenha em Pequim “apresentou o documento correspondente” para oficializar o cancelamento do acordo, seguindo o prazo de 90 dias previsto no contrato.
Enquanto isso, na América Latina, diplomatas chineses seguem tentando expandir a adesão ao programa.
O governo chinês vem pressionando o Brasil a aderir à iniciativa desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2023.
O Itamaraty, porém, já indicou que, como o país possui uma série de investimentos chineses, não vê necessidade de uma adesão formal à Nova Rota da Seda.