Macron diz que França ‘não está isolada’ em oposição ao acordo UE-Mercosul

Presidente da França, Emmanuel Macron — Foto: Johanna Geron/Reuters

O presidente da França, Emmanuel Macron, declarou nesta segunda-feira, 18, durante uma pausa nas atividades do G20 no Brasil, que seu país “não está isolado” na oposição ao atual formato do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.

Macron é visto como o principal entrave ao avanço do tratado, em grande parte devido à intensa pressão dos agricultores franceses.

Nesta segunda, diversos protestos foram realizados na França contra o acordo, em razão do temor de concorrência com produtos agrícolas do Brasil e da Argentina, que dominam setores importantes.

O texto, por ter sido negociado há muitas décadas, baseia-se em condições prévias que estão desatualizadas”, afirmou Macron a jornalistas no Rio de Janeiro.

O presidente da França também mencionou a possibilidade de “repensar a relação com esta sub-região, seja o Mercosul ou talvez o Brasil, porque entendo que a Argentina talvez não tenha interesse em fazê-lo em um marco regional”.

Além disso, ele disse ter sugerido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva “novos trabalhos para tentar desenvolver um marco de investimentos conjunto, mas que proteja” tanto a agricultura francesa quanto a europeia.

Enquanto isso, a Comissão Europeia, com apoio de países influentes do bloco, como Alemanha e Espanha, defende a conclusão do acordo de livre comércio com o Mercosul até o final deste ano. As negociações, que se arrastam desde 1999, seguem enfrentando resistência.

Caso a Comissão avance com o tratado sem o apoio da França, Paris precisará do suporte de outros países para barrar sua aprovação. Para isso, seria necessário formar a chamada “minoria de bloqueio”, composta por pelo menos quatro dos 27 países da UE, caso os favoráveis ao acordo não alcancem 65% da população do bloco.

Também nesta segunda, a Itália se uniu à oposição liderada pela França. O ministro da Agricultura italiano, Francesco Lollobrigida, criticou o tratado, afirmando que “em sua forma atual, não é aceitável”.

Você pode gostar...