Venda de joias foi para o patrimônio de Bolsonaro e custeou estadia dele nos EUA, diz PF

Ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Sérgio Lima/Poder360

No inquérito enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) disse que o dinheiro das joias sauditas, vendidas ilegalmente por auxiliares de Jair Bolsonaro, entrou no patrimônio do ex-presidente e foi usado para cobrir as despesas de estadia dele e de sua família nos Estados Unidos, no início de 2023.

Identificou-se, ainda, que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores — escreveu a PF no relatório.

Tal fato indica a possibilidade de que os proventos obtidos por meio da venda ilícita das joias desviadas do acervo público brasileiro, que, após os atos de lavagem especificados, retornaram, em espécie, para o patrimônio do ex-presidente, possam ter sido utilizados para custear as despesas em dólar de Jair Bolsonaro e sua família, enquanto permaneceram em solo norte-americano — completou a corporação.

O relatório da PF afirma que o objetivo da venda era o enriquecimento ilícito do ex-presidente.

No sentido de valorar os bens que foram objeto dos atos de desvio (e tentativa de desvio) perpetrados pela associação criminosa com a finalidade de enriquecimento ilícito do ex-presidente Jair Bolsonaro, as joias foram submetidas à procedimento pericial, com o objetivo, dentre outros, de aferir o valor mercadológico dos bens — explicou a polícia.

As investigações da polícia apontaram que, enquanto esteve nos EUA, Bolsonaro não movimentou suas contas correntes, o que é um indício de que suas despesas vieram de outras fontes.

Desta forma, a análise contextualizada das movimentações financeiras de Jair Messias Bolsonaro no Brasil e nos Estados Unidos, demonstra que o ex-presidente, possivelmente, não utilizou recursos financeiros depositados em suas contas bancárias no Banco do Brasil e no BB América para custear seus gastos durante sua estadia nos Estados Unidos, entre os dias 30 de dezembro de 2022 e 30 de março de 2023 — diz o relatório.

US$ 25 mil em espécie para Bolsonaro

A PF também relata que o general Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, repassou R$ 25 mil ao ex-presidente. Valor oriundo das joias. 

Os elementos de prova colhidos, demonstraram que Mauro Cesar Lourena Cid recebeu, em nome e em benefício de Jair Messias Bolsonaro, pelo menos US$ 25 mil, que teriam sido repassados em espécie para o ex-presidente, visando, de forma deliberada, não passar pelos mecanismos de controle e pelo sistema financeiro formal — apontou a PF.

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