Premiê da Espanha diz que cogita renunciar após sua esposa virar alvo de investigação
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, anunciou nesta quarta-feira (24) que fará uma “pausa” nas funções de chefe de governo e que considera renunciar ao cargo após a Justiça abrir uma investigação contra sua esposa por suspeita de corrupção.
A apuração contra a primeira-dama, Begoña Gómez, partiu de uma denúncia apresentada pelo grupo Manos Limpias, um coletivo civil ligado à extrema direita do país.
O Superior Tribunal de Justiça de Madri aceitou a denúncia e abriu uma investigação preliminar contra Gómez por suspeitas de tráfico de influência e corrupção.
Em carta publicada em suas redes sociais, Sánchez negou as acusações, mas disse que se afastará para refletir se continuará no cargo, para o qual foi reeleito em novembro, após eleições antecipadas que ele mesmo convocou.
Ele argumentou que a decisão é para proteger sua esposa da intensa perseguição que, segundo o primeiro-ministro, vem sofrendo por parte de partidos e grupos de extrema direita do país.
Acusações
De acordo com o site de notícias El Confidencial, os investigadores estão examinando as supostas ligações de Gómez com empresas privadas, como a companhia aérea Air Europa, que acabou recebendo fundos e contratos públicos do governo.
Ainda segundo o jornal, o centro de negócios para África que Gómez dirigia na ocasião, ligado a uma escola de economia em Espanha, assinou um acordo de patrocínio em 2020 com a Globalia, dona da Air Europa, ao mesmo tempo que a companhia aérea, em crise, também negociava um plano de ajuda milionário do governo espanhol.
No mesmo ano, o governo de Sánchez ofereceu uma linha de crédito de 475 milhões de euros (cerca de R$ 2,7 bilhões no câmbio da época) à Air Europa. A empresa espanhola foi a primeira a beneficiar deste tipo de ajuda governamental devido à pandemia.