Cid confirma ao STF o que disse em delação e nega ter sido coagido por autoridades

Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro — Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), confirmou nesta sexta-feira (22) ao Supremo Tribunal Federal (STF) o que disse em sua delação premiada. O militar também afirmou que não foi coagido pelas autoridades ao longo de seus depoimentos.

Cid foi ao STF na tarde de hoje para explicar os áudios gravados por ele e que se tornaram públicos após reportagem da revista Veja.

Nas gravações, o tenente-coronel diz que a Polícia Federal (PF), nas audiências de delação, queria que ele desse uma determinada versão dos fatos.

Queriam que eu [Cid] falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu — afirmou ele.

O ex-ajudante de ordens também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, afirmando que o magistrado já tem sua sentença pronta.

Quando concordou com a delação premiada, Cid estava preso preventivamente. Pelas regras desss tipo de colaboração, ele se comprometeu a contar o que sabe em troca da diminuição de uma eventual pena. Em seguida, ele foi solto e pôde ser investigado em liberdade. 

Mas, ao gravar os áudios, Cid desrespeitou as regras da delação — como fazer comentários sobre o acordo, que está em sigilo.

O STF também entendeu que ele tentou obstruir a Justiça ao fazer as gravações. Por isso, ele foi preso após o depoimento desta sexta.

Novo depoimento

O depoimento desta sexta foi para o desembargador Airton Vieira, magistrado instrutor no gabinete de Moraes. 

Perguntado sobre os áudios, Cid reconheceu as próprias falas e disse que foi uma “conversa privada, informal, particular, sem intuito de ser exposta entrevista de grande circulação.” 

O tenente-coronel disse que “não lembra para quem falou essas frases de desabafo, num momento ruim” e que “ainda não conseguiu identificar quem foi essa pessoa.

O delator disse não acreditar que alguém de seu círculo próximo tenha tido contato com a imprensa para justificar os vazamentos. Segundo ele, a conversa (da qual os áudios foram extraídos) “possivelmente” ocorreu por telefone.

Questionado a quem se referia em pontos dos áudios em que fala sobre outras pessoas serem presas, o tenente-coronel disse que a gravação foi um “um desabafo, quer chutar a porta e acaba falando besteira” e que falou de maneira genérica, “em razão da situação que está vivendo“. 

Interrogado pelo desembargador sobre quem foram os policiais que o teriam coagido a dizer algo que não sabia, ele disse que “nunca houve induzimento às respostas“.

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