Minuta do golpe previa prisão de Moraes, Gilmar e Pacheco; Bolsonaro pediu alterações no texto
A investigação da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder descobriu uma minuta golpista que previa a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, além do presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
As informações constam na decisão de Moraes que embasa uma operação deflagrada nesta quinta-feira (8) contra militares e ex-ministros do governo Bolsonaro.
O ex-presidente foi obrigado a entregar seu passaporte e proibido de falar com os demais investigados.
Segundo as investigações, a minuta de golpe foi entregue a Bolsonaro por Filipe Martins (preso na operação desta quinta) e Amauri Feres (alvo de buscas).
Bolsonaro pediu que os nomes de Pacheco e Gilmar fossem retirados do documento, mas não o de Moraes. O então mandatário também queria que fosse mantido o trecho que previa a realização de novas eleições.
A PF identificou que a agenda de Alexandre de Moraes foi detalhada aos integrantes da suposta organização criminosa para que o ministro fosse monitorado em tempo integral e, caso houvesse o golpe militar planejado pelo grupo, ele pudesse ser preso.
As investigações também apuraram que militares da ativa pressionaram colegas contrários ao golpe para tentar convencê-los a aderir ao movimento, e que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, recebeu um pedido de R$ 100 mil para ajudar na organização de atos golpistas.
A PF também apurou que o PL, partido de Bolsonaro, foi usado para financiar narrativas de ataques às urnas eletrônicas.
Generais reunidos com Bolsonaro para apoiar golpe
Também foi identificado pela PF que, em 9 de dezembro de 2022, o general Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, se reuniu com Bolsonaro no Palácio da Alvorada e se colocou à disposição para participar do golpe de Estado, segundo conversas obtidas no celular de Mauro Cid.
A condição de Theophilo para aderir ao golpe e colocar tropas especiais nas ruas seria o então presidente assinar um projeto que determinasse o golpe de Estado.
Outro militar que teria incentivado o movimento golpista foi o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.
Segundo a investigação, Heleno cobrou, em reunião realizada em 2022, que órgãos do governo atuassem para garantir a vitória de Bolsonaro nas eleições.