Bolsonaro, Valdemar, ex-ministros e militares são alvos de operação da PF sobre tentativa de golpe
A Polícia Federal (PF) realizou, nesta quinta-feira (8), uma megaoperação para investigar uma suposta organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, a fim de obter vantagens de natureza política com a manutenção do então presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
Foram alvos de buscas:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro;
- General Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
- General Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Anderson Torres, delegado da PF e ex-ministro da Justiça;
- Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;
- General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
- Tercio Arnoud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro, conhecido como um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”.
- Ailton Barros, coronel reformado do Exército.
Além deles, foram alvos de mandados de prisão:
- Filipe Martins, ex-assessor internacional do governo Bolsonaro;
- Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens;
- Rafael Martins de Oliveira, major das Forças Especiais do Exército;
- Bernardo Romão Correa Neto, coronel do Exército — que ainda não foi detido porque está nos EUA (mandado de prisão será enviado ao Exército para que notifique o militar).
No total, foram executados 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diferentes de prisão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e Distrito Federal.
Nesta fase da Operação Tempus Veritatis, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a falsa tese de “fraude” nas eleições presidenciais de 2022, ainda antes da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.
Modus operandi do grupo
O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da tese conspiratória de fraude nas eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de supostas vulnerabilidades no sistema eletrônico de votação — discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do último pleito.
O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.