CPMI do 8/1: relatora pede indiciamento de Bolsonaro e oito generais; veja lista
A relatora da CPMI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pede em seu parecer final o indiciamento de 61 pessoas, entre civis e militares.
Jair Bolsonaro (PL) e parte do seu núcleo de governo — cinco ex-ministros e quatro ex-assessores — estão na lista. O ex-presidente é apontado como “mentor moral e intelectual” das manifestações que culminaram no 8 de janeiro.
O relatório, protocolado no sistema do Senado, foi apresentado na manhã desta terça-feira (17) ao colegiado. A votação, no entanto, deve ocorrer somente na quarta (18).
Além de focar no entorno de Bolsonaro, o documento confirma apelo de parlamentares da base aliada ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pede o indiciamento de militares das Forças Armadas, como ex-comandantes da Marinha, Almir Garnier Santos, e do Exército, Marco Antônio Freire Gomes.
Também estão no rol integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), responsável pela segurança da Esplanada dos Ministérios.
Indiciados
- Ex-presidente Jair Bolsonaro;
- general Walter Souza Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e então secretário de Segurança Pública do DF nos atos;
- general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional de Bolsonaro;
- general Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro;
- general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro;
- almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
- general Freire Gomes, ex-comandante do Exército;
- tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e principal assessor de Bolsonaro;
- Filipe Martins, assessor-especial para Assuntos Internacionais de Bolsonaro;
- deputada federal Carla Zambelli (PL-SP);
- coronel Marcelo Costa Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- general Ridauto Lúcio Fernandes;
- sargento Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- major Ailton Gonçalves Moraes Barros;
- coronel Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde;
- coronel Jean Lawand Júnior;
- Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça e ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF;
- Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal;
- general Carlos José Penteado, ex-secretário-executivo do GSI;
- general Carlos Feitosa Rodrigues, ex-chefe da Secretaria de Coordenação e Segurança Presidencial do GSI;
- coronel Wanderli Baptista da Silva Junior, ex-diretor-adjunto do Departamento de Segurança Presidencial do GSI;
- coronel André Luiz Furtado Garcia, ex-coordenador-geral de Segurança de Instalações do GSI;
- tenente-coronel Alex Marcos Barbosa Santos, ex-coordenador-adjunto da Coordenação Geral de Segurança de Instalações do GSI;
- capitão José Eduardo Natale, ex-integrante da Coordenadoria de Segurança de Instalações do GSI;
- sargento Laércio da Costa Júnior, ex-encarregado de segurança de instalações do GSI;
- coronel Alexandre Santos de Amorim, ex-coordenador-geral de Análise de Risco do GSI;
- tenente-coronel Jader Silva Santos, ex-subchefe da Coordenadoria de Análise de Risco do GSI;
- coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da PMDF;
- coronel Klepter Rosa Gonçalves, subcomandante da PMDF;
- coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante do Departamento de Operações da PMDF;
- coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, comandante em exercício do Departamento de Operações da PMDF;
- coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, comandante do 1º CPR da PMDF;
- major Flávio Silvestre de Alencar, comandante em exercício do 6º Batalhão da PMDF;
- major Rafael Pereira Martins, chefe de um dos destacamentos do BPChoque da PMDF;
- Alexandre Carlos de Souza, policial rodoviário federal;
- Marcelo de Ávila, policial rodoviário federal;
- Maurício Junot, empresário;
- Adauto Lúcio de Mesquita, financiador;
- Joveci Xavier de Andrade, financiador;
- Meyer Nigri, empresário;
- Ricardo Pereira Cunha, financiador;
- Mauriro Soares de Jesus, financiador;
- Enric Juvenal da Costa Laureano, financiador;
- Antônio Galvan, financiador;
- Jeferson da Rocha, financiador;
- Vitor Geraldo Gaiardo, financiador;
- Humberto Falcão, financiador;
- Luciano Jayme Guimarães, financiador;
- José Alipio Fernandes da Silveira, financiador;
- Valdir Edemar Fries, financiador;
- Júlio Augusto Gomes Nunes, financiador;
- Joel Ragagnin, influenciador;
- Lucas Costar Beber, financiador;
- Alan Juliani, financiador;
- George Washington de Oliveira Sousa, condenado por envolvimento na tentativa de atentado ao aeroporto de Brasília;
- Alan Diego dos Santos, condenado por envolvimento na tentativa de atentado ao aeroporto de Brasília;
- Wellington Macedo de Souza, condenado por envolvimento na tentativa de atentado ao aeroporto de Brasília;
- Tércio Arnaud, ex-assessor especial de Bolsonaro apontado como integrante do chamado “gabinete do ódio”;
- Fernando Nascimento Pessoa, assessor de Flávio Bolsonaro apontado como integrante do chamado “gabinete do ódio”;
- José Matheus Sales Gomes, ex-assessor especial de Bolsonaro apontado como integrante do chamado “gabinete do ódio”.
Justificativas
A relatora avalia que Bolsonaro e seu entorno estavam cientes do “alcance” das manifestações golpistas e as estimularam deliberadamente.
Eliziane pede que o ex-presidente seja indiciado pelos seguintes crimes:
- associação criminosa;
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- tentativa de depor governo legitimamente constituído;
- e emprego de medidas para impedir o livre exercício de direitos políticos.
A senadora afirma ainda que os ataques de 8 de janeiro às sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram resultado da “omissão” do Exército.
Os pedidos feitos pela relatora em seu parecer não significam indiciamentos automáticos. A lista é, na prática, uma sugestão. Cabe aos órgãos responsáveis, como o Ministério Público, avaliar a apresentação das denúncias.