Não há comportas em barragens citadas por Alexandre Garcia em vídeo sobre tragédia no RS

Vertedouro do tipo soleira livre no Complexo Energético Rio das Antas (RS). A imagem é anterior ao ciclone que atingiu o estado na semana passada — Foto: Divulgação/ Companhia Energética Rio das Antas (Ceran)

Durante participação em um programa no YouTube da Revista Oeste, no dia 8 de setembro, o jornalista Alexandre Garcia comentou sobre a catástrofe climática que atingiu cidades do Rio Grande do Sul na semana passada.

Em sua fala, ele pediu uma “ampla investigação” e afirmou que as enchentes não foram causadas apenas pelas chuvas.

Garcia acusou os governos petistas de terem construído três represas na região, “ao contrário do que recomendam as medições ambientais” e acrescentou que as comportas das barragens “foram abertas ao mesmo tempo e isso causou uma enxurrada”.

As alegações do jornalista foram republicadas em diversas postagens nas redes sociais, que chegaram a sugerir interferência criminosa na tragédia.

Não há comportas nas barragens citadas por Garcia

As afirmações de Alexandre Garcia são falsas. As três usinas hidrelétricas citadas no vídeo não possuem comportas (foto acima) que armazenam ou retêm água para geração de energia.

Ou seja, nos períodos de chuva ou de aumento na vazão do rio, a água excedente passa por cima das barragens. Esse tipo de estrutura, chamado de vertedouro de soleira livre, não controla o fluxo dos rios e apenas escoa o excedente de água.

A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do Rio Grande do Sul informou que “não há evidências de que as barragens tenham influenciado no agravamento da enxurrada”.

A Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) ressaltou que a água excedente passou por cima das barragens, sem nenhum tipo de liberação mecânica.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela fiscalização de geração hidrelétrica, afirmou que as cheias não poderiam ser agravadas por conta da estrutura das barragens.

Assim como a Agência Nacional de Águas (ANA), que confirmou que a produção de energia é feita apenas com a força da correnteza, sem uso de comportas.

*Apuração feira a partir de informações verificadas pelo jornal O Estado de S. Paulo.

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