Mauro Cid tentou vender Rolex recebido em viagem oficial por US$ 60 mil, revelam emails
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro analisa emails do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), negociando um relógio Rolex recebido durante uma viagem oficial à Arábia Saudita.
De acordo com o relatório da comissão parlamentar, em 6 de junho de 2022, Cid trocou mensagens em inglês com Maria Farani, assessora do Gabinete Adjunto de Informações da Presidência da República até janeiro de 2023, quando foi exonerada na troca de governo.
Mensagem de Maria Farani:
“Olá Mauro, obrigada pelo interesse em vender o seu Rolex. Tentei falar com você por telefone mas não consegui. Pode por favor me falar se você tem o certificado de garantia original do relógio? Quanto você espera receber por ele? O mercado de rolex usados está em baixa, especialmente para os relógios cravejados de platina e diamante, já que o valor é tão alto. Eu só quero ter certeza que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa.”
Resposta de Mauro Cid:
Olá…, Nós não temos o certificado do relógio, já que foi um presente recebido em viagem oficial de negócios. O que temos é o selo verde de certificado superlativo, que acompanha o relógio. Além disso, posso certificar que o relógio nunca foi usado. Pretendo receber por volta de US$ 60 mil pela peça. Agradeço o retorno rápido.
Os e-mails não detalham o contexto do recebimento do relógio.
Bolsonaro e as joias sauditas
Em outubro de 2019, durante uma visita à Arábia Saudita, Bolsonaro recebeu um conjunto de joias, composto por um Rolex, um anel, uma caneta e um rosário islâmico, do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud.
O material foi devolvido pela defesa do ex-presidente em abril deste ano, após a Polícia Federal (PF) abrir uma investigação para apurar a tentativa de integrantes do governo Bolsonaro de trazer, de forma irregular, outro kit de joias sauditas, avaliado em R$ 5 milhões e apreendido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Como ajudante de ordens, Mauro Cid tentou reaver o conjunto de joias em posse do Fisco no fim do ano passado, antes de Jair Bolsonaro deixar o poder e embarcar para os Estados Unidos.