Email registra que Bolsonaro recebeu pedras preciosas não cadastradas em acervo

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — Foto: Alan Santos/Presidência da República

Mensagens trocadas por militares ligados à Presidência da República, obtidas pela CPMI dos Atos Golpistas, mostram que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro receberam um envelope e uma caixa com pedras preciosas no ano passado.

No email, o ex-ajudante de ordens da Presidência Cleiton Henrique Holzschuk pediu a outros colegas que as pedras preciosas direcionadas a Bolsonaro fossem entregues em mãos ao tenente-coronel Mauro Cid. Ele também pediu que os itens não fossem catalogados oficialmente no acervo.

As pedras foram entregues ao ex-presidente no dia 26 de outubro de 2022, durante um ato de campanha à reeleição em Teófilo Otoni (MG).

Na ocasião, Bolsonaro discursou ao lado do pastor Silas Malafaia e do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

As mensagens estão em posse da comissão parlamentar mista. O material foi citado pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) na sessão da CPMI na terça-feira (1º), que ouviu o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Cunha.

Ordem de Mauro Cid

No dia 27 de outubro de 2022, surge uma nova mensagem no histórico do e-mail. 

Holzschuk enviou um recado a outros dois ajudantes de ordens informando que um envelope e uma caixa contendo pedras preciosas haviam sido enviados ao então presidente e sua esposa, Michelle.

Segundo o texto de Holzschuk, Mauro Cid, assessor mais próximo de Bolsonaro, determinou que os bens não fossem registrados na lista de presentes recebidos pelo ex-mandatário.

Disse ainda que a orientação era para entregar as pedras em mãos para Cid. O e-mail finaliza que, em caso de dúvida, os ajudantes poderiam procurar o sargento Marcos Vinícius Pereira Furriel.

Foi guardado no cofre grande, 01 (um) envelope contendo predas preciosas para o PR [presidente] e 01 (uma) caixa de pedras preciosas para a PD [primeira-dama], recebidas em Teólifo Otoni em 26/10/22. A pedido do TC [tenente-coronel] Cid, as pedras não devem ser cadastradas e devem ser entregues em mão para ele [Cid]. Demais duvidas, Sgt Furriel está ciente do assunto. — escreveu Holzschuk.

Os ajudantes de ordem copiados na mensagem são Adriano Alves Teperino e Osmar Crivelatti. O email não relata quem presenteou Bolsonaro com as joias.

PCdoB pedirá investigações

O PCdoB vai pedir que a Polícia federal (PF), o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Supremo Tribunal Federal (STF) investiguem a origem e o paradeiro das pedras preciosas, porque Bolsonaro ocupava a Presidência do país no período da troca dos emails.

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