SP troca livros do MEC por material digital: ‘Passam os slides e o aluno anota’, diz secretário de Tarcísio

Crianças lendo livros didáticos — Foto: Reprodução

Pela primeira vez, as escolas estaduais de São Paulo deixarão de receber os livros didáticos do programa nacional gerido pelo Ministério da Educação (MEC), que há décadas compra obras para todo o país.

O secretário estadual de Educação de SP, Renato Feder, decidiu abrir mão de 10 milhões de exemplares para alunos do ensino fundamental 2 (6º ao 9º ano) no ano que vem para usar apenas material digital. O ensino médio também deixará de ter livros impressos.

Ao Estadão, Feder disse:

A aula é uma grande TV, que passa os slides em Power Point, alunos com papel e caneta, anotando e fazendo exercícios. O livro tradicional, ele sai.

Desde abril, o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) orienta os professores a utilizarem o diário de classe digital, onde estão aulas de todas as disciplinas, organizadas em cerca de 20 slides. O professor abre a aula no celular ou computador e projeta na TV da sala.

O secretário continua:

Não é um livro didático digital. É um material mais assertivo, com figuras, jogos, imagens 3D, exercícios. Ele pode clicar em links, abrir vídeos, navegar por um museu.

Esse material, segundo ele, é produzido por uma equipe da Secretaria de Educação, com 100 professores, e alinhado ao currículo paulista.

De acordo com Feder, a decisão de abandonar os livros didáticos impressos foi para não dar “dois comandos” para os professores e por questionamentos à qualidade das obras do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

O PNLD existe, com diferentes nomes, há mais de 80 anos no país. Foi reestruturado no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), quando passou a estabelecer critérios rígidos de avaliação.

Por meio do programa, o MEC compra livros didáticos para todas as escolas públicas do país, em um negócio que movimenta R$ 1,15 bilhão de obras por ano.

Para a diretora executiva do Instituto Reuna, Kátia Smole, a qualidade técnica dos livros do MEC deve ser valorizada:

A qualidade técnica dos livros ofertados pelo PNLD tem de ser valorizada. Uma informação errada não passa, é uma grande responsabilidade ter um material que é lido por milhões.

Questionado sobre como São Paulo garantiria a qualidade do material criado pelo governo, Feder respondeu que há uma equipe de revisão na secretaria. Disse ainda que os próprios professores podem avaliar o material.

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