Americanas admite fraude e acusa ex-diretoria de manipulação contábil
Em comunicado de fato relevante ao mercado financeiro, a Americanas admitiu nesta terça-feira (13), pela primeira vez, que o rombo de R$ 20 bilhões na contabilidade da empresa foi causado por uma fraude cometida pela gestão anterior.
As informações constam em um relatório apresentado ao conselho de administração da companhia por assessores jurídicos que atuam no caso. O documento foi baseado em dados obtidos a partir de investigações independentes.
A Americanas disse que o efeito dos ajustes decorrentes da fraude nos resultados da empresa ao longo do tempo ainda está sendo apurado, “mas a expectativa da administração é de que o impacto nos resultados mais recentes seja significativo”.
Segundo a empresa, as informações do relatório levaram ao entendimento de que as fraudes ocorreram predominantemente em operações com contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares (VPC).
Esses incentivos comerciais normalmente utilizados no setor varejista “teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da companhia como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores”.
Esses lançamentos, feitos durante um significativo período, atingiram, em números preliminares e não auditados, o saldo de 21,7 bilhões de reais em 30 de setembro de 2022.
Ainda de acordo com o relatório, a diretoria anterior contratou uma série de financiamentos com bancos sem a aprovação dos sócios.
A investigação fala em R$ 18,4 bilhões em operações de risco sacado e R$ 2,2 bilhões em financiamento de capital de giro.
Esses financiamentos teriam sido contabilizados indevidamente nos balanços, impossibilitando que o real nível de endividamento da empresa ficasse claro.
O relatório indica a participação do ex-CEO Miguel Gutierrez e mais seis executivos na suposta fraude.
São citados no documento os ex-diretores José Timótheo de Barros, Anna Christina Ramos Saicali e Márcio Cruz Meirelles, e os ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.
Cinco deles ainda estavam na companhia e foram afastados.